Thursday 22 December 2011

Novos Caminhos para o dia de Hoje

Hoje é o primeiro dia de inverno deste ano neste Hemisfério.

Quando menos é esperado, a temperatura começa a cair. Está chuvendo forte novamente. As palavras já não nascem tão facilmente. Elas gostam de honrar com sua presença apenas nos dias de chuva. E ainda assim, não são muitas palavras que surgem.

O que importa é a luta. Como a mesma é travada por cada um. Todos são falhos e portadores de tão grande diversidade de culpas e feridas. O que deveria causar grande preocupação é o tratamento que deveria ser dado as mesmas durante a estrada da vida.

As mesmas são tantas. As estradas encontradas que constituem os caminhos de cada um. Sentidos diferentes, passos diferentes a serem dados. Muitas vezes só é aceitado o certo, após se viver o errado. O Doce parece só possuir verdadeiro significado após o amargo ser provado.

Há tempo para tudo abaixo dos céus, e o tempo agora é de chuva. Que o toque da mesma possa permitir a mudança e a renovação. Que a vida possa renascer e o milagre da transformação venha se tornar realidade para aqueles que semeiam.

Por que não aproveitar o dia de hoje para recomeçar? Para tratar das feridas e planejar novos vôos. Não espere pelo florescer que vem na Primavera para seguir seu caminho. Inicie o quanto antes um novo capítulo para sua vida. Não olhe com tristeza para a chuva que hoje cái.

Permita que ela possa levar embora a amargura e a tristeza que permaneceu por mais tempo que o necessário na vida de cada um. Que ela possa, ao encontrar a face de cada sonhador ou sonhadora, trazer as lembranças que falam sobre como combater o bom combate e ainda assim, não perder a alegria e esperança.

Que o caminho certo seja encontrado e seguido, independente se o errado já tenha se convencionado como normal. Importa o coração em Paz, a meta escolhida e seguida.

Monday 19 December 2011

Sobre o que Abandonamos

Quando se vê ou ouve certas posições e opiniões, nem sempre o silêncio pode ser mantido.
O que se revela, realmente, é o quanto as pessoas estão cada vez mais menos interessadas em buscar viver certos valores. Tantas pessoas que deveriam ser exemplo, e que hoje, estão afundadas quase que por completo num mar de lama. Se deixaram vencer pela grande nuvem de testemunhas negativas, e hoje, decidiram parar de nadar contra e deixaram-se levar pela correnteza. Deixaram ainda, seus sonhos para trás. Passaram a enxergar que talvez, a realidade não possa compreender seus ideais. Talvez a geração atual nem mesmo possua as mesmas recordações que eu possuo. Releio certos textos que escrevi há 5, 6 anos atrás e mal compreendo para quem eu havia dirigido minhas palavras. Me sinto em outro mundo, sob outras regras. Me fora passada lições tão diferentes. Mas hoje, em nome de um discursso politicamente correto, onde se privilegia a liberdade individual, negamos certas verdades que tantos viveram e morreram para nos entregar: Honestidade, Fidelidade, Lealdade, Honra, entre muitas outras virtudes que hoje, parecem ir contra tudo o que as pessoas estão vivendo.

Não quero fazer discurssos moralistas. Não quero me apresentar como um exemplar de moralidade e perfeição de carácter: Sou falho. Talvez mais falho do que a maioria exatamente por reconhecer nessas virtudes, o caminho para uma vida mais equilibrada e não conseguir segui-las da forma que tanto gostaria. Mas ignorar e viver como se tudo isso fosse apenas ingredientes para contos de fadas, não é o caminho para o qual fui educado e moldado até aqui.

O amor se esfriou. Somos todos julgados.

Procuramos a nossa volta por alguém: Uma alma que seja, que possa nos apontar uma direção. Mas não mais observamos a direção apontada. Julgamos quem aponta. Abandonamos a busca por um propósito para nossas vidas.

O Errado, por mais que todos possam fazê-lo, continuará, até o fim dos tempos, errado.
O Certo, por mais que todos deixem de fazê-lo, continuará até o fim dos tempos, certo.

Não se permitam adormecer. Ninguém é perfeito abaixo dos Céus. Mas nem por isso, devemos inverter os valores que no fundo de nossos corações, conhecemos como o certo e o errado. Não abandonem sua Fé, não abandonem seus corações. Aprendam, com equilíbrio, a dominar seus desejos e ambições.

Termino por enquanto recitando um provérbio Chinês:

"O Homem que domina os demais é forte. O Homem que domina a si mesmo é poderoso."

Thursday 15 December 2011

The Hope

Por tantos, tão desprezada. Sinal de fraqueza e superstição. Tolice. Vã necessidade de crer que no final, tudo irá bem, ou algo positivo se sobressairá.

A razão não é desmerecer a esperança. Nem contestá-la. Não merece julgamento, àqueles que se apegam como náufagos, ao conceito ou objeto de esperança.

Não seria possível imaginar um mundo sem esperança. A busca de tantos por melhoras, por transformação, por descobertas que possam trazer paz, saúde, bem-estar e vida. Vitória sobre as aflições que castigam o ser humano desde que o mesmo é expulso do ventre materno.

Pela esperança, tanto se foi conquistado. E mesmo aqueles que se desiludiram, no fundo do seu ser, ainda aguardam por alguma mudança. Não. O ser humano, enquanto vivo, é um ser esperançoso. E quando deixa de ser, parte deste mundo pelas próprias mãos de uma forma ou de outra.

A esperança é exatamente aquilo que te permite levantar da cama, mesmo quando sua razão ou coração falham em mostrar qualquer motivo razoável para fazê-lo.

Wednesday 30 November 2011

A Triste Liberdade da Era Moderna

Multiplicam-se os motivos que levam a humanidade viver de uma forma cada vez menos compromissada com o bem estar comum. Pode ser visto o quanto o ser humano mostra-se distante do seu próximo. São tantos vivendo nas ruas, sem teto, sem garantias básicas de saúde, educação, alimentação, sem qualquer expectativa de uma mudança, de uma melhoria em sua condição se vida. Seus filhos logo estarão pedindo esmolas para o sustento de seus pais, enquanto conhecem a realidade cruel do mundo das drogas, da prostituição e da criminalidade. Não há outras saídas na visão tão prejudicada e limitada desses que são completamente ignorados pela sociedade da qual vivem à margem.

Alguns podem até mesmo se sensibilizar quando, pelo caminho, encontram com estes no ofício diário de pedir qualquer ajuda para seu sustento. A condição miserável até mesmo pode arrancar algumas lágrimas dos que vivem uma realidade diferente, mas não mais do que durante alguns momentos. Esquecem-se e continuam suas vidas, onde uma peça de roupa mais antiga, ou um pedaço de pão, podem representar muito.
Mas não só de roupas velhas e pedaços de pão vivem os homens.

Se a elite que dirige a sociedade não encontrar uma solução para o resgate dessa grande parte da população que precisa de um auxílio imediato e não paliativo, além de uma estrutura realmente sólida na reintegração para com o restante da sociedade, um futuro cada vez mais sombrio, apesar dos avanços tecnológicos, se levantará e derribará a "paz" de todo aquele que nada fez.

Na esfera política, muitos gostam de acusar uns aos outros pela violência que a população sofre nos dias de hoje. Mas o que os mesmos realmente fazem para mudar a triste liberdade daqueles que se utilizam de qualquer meio disponível para sobreviver? Na verdade, chamar de "vida" é um tanto incorreto. Morrem cada vez mais cedo, se multiplicam sem terem condições de sustentar suas crias, espalham o medo e a violência devido a exclusão social, e aos poucos, vão se organizando como um poder paralelo que utiliza o terror para espalhar sua influência e contaminar cada vez mais a sociedade que tanto recriminou e ignorou sua miséria.

Vive-se numa era de novas descobertas, de globalização, de uma conscientização do mundo e dos acontecimentos como nunca se houve na história da humanidade. A maior parte do planeta vive regimes democráticos e a liberdade nunca foi tão valorizada, seja na célula maior da soberania dos Estados, seja na célula menor da individualidade de cada ser humano. O conceito de instituições como o casamento, família, religião, jamais foram tão revistos e criticados como hoje.

O ser humano preza hoje sua liberdade acima de tudo, e tem, numa condição financeira mais privilegiada, a ferramenta necessária e ideal para alcançar seu maior objeto de desejo. Com uma individualidade mais em foco, a humanidade esquece e/ou nada faz para resolver seus problemas sociais mais graves, como a fome, a falta de ensino de qualidade, a miséria, a precariedade da saúde e o desemprego.

Portanto, é para os que desejam ver: O abismo social cresce em proporções nunca antes vistas e está para consumir a todos num futuro não mais tão distante. Ainda há tempo para se desviar de tão execrável caminho. Mas enquanto se olhar os semelhantes da mesma forma que se olha para um objeto ou animal, com total desdém e hipocrisia, a humanidade continuará a passos largos a caminhada para um triste e inexorável destino.

Pense. Olhe com novos olhos para aqueles com quem convive. Não aceite viver como uma ilha, se isolando num mundo só seu. Faça a diferença. Seja exemplo. Não desista devido a indiferença dos outros. Procure aqueles que pensam como você e estude como fazer a transformação da realidade em sua volta. Comece em seu pensamento e progrida pela sua casa, seu bairro, seus amigos, sua cidade, e jamais pare. Foram indivíduos como você que fizeram a diferença um dia. Faça sua parte hoje e salve o amanhã.

Só assim, poder-se-á regozijar na tão almejada paz e liberdade que se busca.

Monday 28 November 2011

Empescher Entre Le Banc et Le Feu

Escrevi estas linhas num momento de completa solidão. Estava tão distante das emoções que me dominaram por tanto tempo que mal podia ouvir minha própria respiração. Na verdade, finalmente morria meu antigo pensamento.

Quanto mais me aprofundo nas minhas observações sobre relacionamentos, aumentam ainda mais minhas convicções de que a grande parte dos sentimentos são completamente perniciosos à alma do ser humano. O coração é completamente enganoso e profere apenas aquilo do que está cheio.

Vejo o quanto algumas pessoas se fecham e lançam em lugar obscuro, as chaves dos grilhões onde trancaram suas almas. Apreciam a solidão e querem aprender cada vez mais a viver de uma forma ainda mais harmoniosa com a mesma. Exaltam a solidão, mas pecam num ponto. Esquecem que para crescerem é também preciso compartilhar suas vidas.

Acredito realmente que muitas vezes precisamos aprender lições sozinhos e, dos momentos de solidão, retirar importantes ensinamentos. Absorver a essência do que realmente somos e do que devemos exercer.

Entretanto, o ser humano não pode negar durante todo tempo sua natureza social. É através do convívio e da troca de experiências que colocamos à prova a formação de nosso caráter e a real magnitude de nossas almas. Apenas quando aprendemos a respeitar e amar nosso semelhante, é que conhecemos de fato a paz que nossas almas tanto buscam.

Não se deve permitir que um isolamento exagerado alimente o vazio que cresce continuamente enquanto houver a negação de qualquer participação externa do próximo. É necessário buscar a felicidade e não permitir uma comodidade.

Não se entregue!

Se estiver vivendo um momento difícil, movimente-se, acredite no seu próprio poder de mudar a realidade a sua volta.

“Quanto mais eles se entregam à dor, tanto mais ela os domina”
– Santo Agostinho.

Por fim, concluo: Através da razão, examinem-se os motivos do coração. Mas jamais entreguem-se por completo à solidão. Busquem o equilíbrio e não temam o aprendizado.

Saturday 26 November 2011

Rotas Iguais – Portos Diferentes

Quando procuramos entender os motivos do coração, somos levados inúmeras vezes a refletir sobre o peso que os sentimentos possuem em nossas vidas. Sendo bastante pessoal, mas tentando ser imparcial, vou falar de algumas experiências que vivi e que foram também vividas e contadas pelas pessoas que me procuraram para discutir sobre suas vidas sentimentais. Espero que a subjetividade de minhas palavras possa ser contida. Estamos sozinhos. E poucos gostam realmente de se sentirem assim.

Estamos navegando todos juntos o mesmo Barco. Somos mais semelhantes uns aos outros do que gostaríamos, mas é exatamente este fato que nos revela o quanto poderíamos aprender melhor observando o mundo a nossa volta. Esqueçamos os erros dos demais. Lembremo-nos que também somos passíveis de toda sorte de erros. Muitas vezes, traçamos metas bastante semelhantes umas com as outras e acabamos errando no mesmo ponto que alguém não muito distante de nós, quando não ao lado, errou também. Seria fácil se a arte de observar o erro alheio fosse o suficiente para aprendermos o que deve ser feito e o que não se deve fazer. Não funciona assim. Precisamos aprender sobre o empirismo.

Sobre a arte de sofrer uma experiência, mesmo sabendo sobre suas conseqüências. Devemos saber ir em frente quando necessário e parar quando não há mais nada a aprender. Quem nunca se perguntou o motivo de tanto sofrimento? De repetir uma vez mais o erro de se entregar, de se decepcionar, de se sentir enganado? De ser no fim, abandonado à própria sorte? Todos passamos pelas mesmas circunstâncias mais de uma vez, observamos o mesmo ao nosso derredor; atravessamos as mesmas rotas no mesmo Barco. Mas de certo há o que diferencia-nos uns dos outros também neste aspecto.

São nossas decisões que nos levam aos mais diferentes portos. Aos mais diferentes fins. Podemos nos levantar cada vez mais fortalecidos e detentores de um pouco mais de sabedoria, para reagirmos melhor a cada eventual tropeço que possamos vir a dar. Afinal, relembrando, somos absolutamente falhos. Mas também podemos permanecer vivendo um ciclo eterno, uma vida de sofrimento que parece mudar apenas de nome. Sempre padecendo, sempre se decepcionando e nos perguntando: Até quando sofrerei da mesma forma? Depende apenas de nós mesmos. Sei o quanto dói amar e não ser correspondido. Sei o quanto é amargo lembrar de cada momento em que nos sentimos especiais, do quanto fomos cativados. Sei o que é fazer planos e ver cada um deles apenas como um roto rascunho de nossos mais profundos sonhos, todos eles frustrados.

E ainda, o que é ferir um coração da mesma forma que fora ferido o meu. O que é deixar alguém a sua própria sorte. O que é ser alvo de tanto amor e depois, de tanto ódio e ressentimento. Vejo tantos participando deste jogo. Porém, chega um momento em que os jogos perdem a graça. Independente de vencer ou perder, tudo o que importa é não mais participar. Não mais permitir que as emoções venham decidir uma só questão. Mas como se relacionar sem permitir envolvimento? Sem permitir sentimento? Seria certo realmente nos fecharmos dentro de nós mesmos, confinados juntamente com tantas feridas? Não posso crer que encontraremos a cura nessa atitude. Apenas permitiremos que uma infecção se crie dentro de nós.

Melhor do que buscar não errar novamente, é entender no que erramos. No por que erramos. Só assim, encontraremos um destino diferente, mesmo que estejamos em rotas iguais.

Wednesday 23 November 2011

[ Respeito ]

Na grande maioria das pessoas, coexistem os pontos de partida para as duas correntes de comportamento que são aparentemente díspares. A estrutura emocional delas se situa em algum ponto intermediário, numa região de tons acinzentados que podem vir a se tornar mais claros ou mais escuros com muita facilidade, pela simples interação.

Às vezes, essas reações instintivas são difíceis de se superar, às vezes, pode ser que as mesmas sejam permanentes.

Talvez o segredo esteja apenas no respeito.

Aquele que demonstra respeito por qualquer pessoa que passe pela sua vida se mostra sábio. Muitas pessoas fazem questão de frisar que o seu respeito deve ser conquistado, e como boa parte delas, tive a oportunidade de observar que não é uma tarefa fácil.

Muitas pessoas exigem que qualquer um que esteja interessado na sua amizade, primeiro ganhe o seu respeito; além de entender esse ponto de vista, eu confesso que era o meu próprio meio de agir.

Mas a vida costuma ensinar importantes lições e com o passar dos anos, percebi que exigir que uma pessoa conquiste o nosso respeito é, por si só, um ato de arrogância, um modo de dar-se importância que, por sua própria natureza, implica que o seu respeito é algo digno de ser ganho.

Pode parecer uma alternativa sutil demais, mas com certeza não é. Mesmo quando houver a interação com pessoas estranhas, a atitude não deve permear o menor ar de superioridade. Aos olhos e no coração, deve-se considerar o outro igual. Devemos ser capazes de agir assim, com sinceridade, para enxergarmos o mundo através dos olhos das outras pessoas.

Desde então, tenho enxergado uma abordagem diametralmente oposta, de aceitação e sem pré-julgamentos. Quando eu vir a conhecer uma pessoa, eu não devo cobrar dela que a mesma conquiste o meu respeito. Eu devo conceder, com satisfação e boa vontade, na esperança de que, ao fazê-lo, terei a oportunidade de aprender mais.

Algumas pessoas poderiam vir a encarar isso como fraqueza ou covardia. Não importa. Não é o medo que deve guiar nossas ações. Deve ser a esperança.

Tuesday 22 November 2011

Valores

Depois de ler um interessante texto sobre ética, escrevo nestas linhas um pouco do que absorvi do mesmo.

Há uma pergunta no ar. Ou pelo menos, deveríamos nos perguntar: Que tipo de pessoas estamos vendo à nossa volta? Homens e mulheres que vão fazer do Brasil o país dos nossos sonhos? Mais provavelmente, pessoas que sonham apenas em serem bem-sucedidas em suas atividades, preocupadas somente consigo mesmas e com os seus, com a conta bancária, posses, confortos, vaidades e egoísmos, deslizando em pantufas pela vida, só pensando em levar vantagem, querendo sempre dar um jeitinho e certos de que os fins justificam os meios.

Alguns que me conhecem sabem que sou admirador do filósofo I. Kant e o mesmo define muito bem o que é Ética: Respeito á dignidade do outro. Um pensador bastante conhecido (Karl Marx) disse que a essência humana é o conjunto de suas relações sociais. A ética Agostiniana nos fala de uma relação de amor entre as pessoas.

Estamos sofrendo as conseqüências desta generalizada falta de ética entre nós. Alguns setores da sociedade pensaram tanto em si, que esqueceram dos menos favorecidos, aumentando cada vez mais o abismo entre as diversas classes. Agora, a minoria que alcançou seus sonhos de consumo, esquecendo-se completamente da ética, convivem com a violência que a miséria que permitiram gerou. E é certo que essa violência de uma forma ou de outra, os atingirá.

Vivem o medo e buscam discriminar cada vez mais.

A Ética seria a ciência da Moral, o estudo dos juízos de apreciação referentes a princípios de conduta humana, o equilíbrio no contato entre as pessoas.

Mas nós, brasileiros, herdamos uma cultura de mercadores, traficantes de escravos e clandestinos de todos os tipos e nos acomodamos com a idéia mesquinha dos que imaginam que quando se lesa o estado, não se está tirando de ninguém.

Nós somos o Estado.

Devemos parar de buscar status e de viver de aparência. Dinheiro, bens materiais, status, nada disso representa os verdadeiros valores da vida. Devemos aprender a valorizar os atributos morais mais elevados, a honestidade, o respeito ao outro, a polidez, a humildade, a lealdade, a paciência e, principalmente, a ética.

Referências: Fundamentos da Metafísica dos Costumes - Kant,I.
O Prelo / Os Valores da Ética – Niskier, Arnaldo.

Wednesday 16 November 2011

Onde você deseja estar? :: Parte 2 ::

Ele sabe que não vai se lembrar do nome daquela música no dia seguinte. Sabe também que isso é o que menos importa agora. O que importa é viver o momento intensamente. E eles dançam. Normalmente, ele estaria analisando seus próprios passos, calculando espaços e pensando naquela que foi seu par por tanto tempo. Mas dessa vez é diferente. Haverá tempo para se culpar novamente. Sempre há tempo para isso. O que ele desejar agora, é sentir aquele corpo junto ao seu.

A sensação de ser tocado o encaminha a pensamentos inesperados. Não se deixava tocar há meses por alguém. Sem apertos de mãos ou simples abraços. Quando em seu quarto, tudo o que desejava era não ser incomodado. Não queria visitas ou batidas em sua porta. O casaco de couro marrom que havia trazido de Toronto, pendurado nesta mesma porta, era seu símbolo de rebeldia contra a Sociedade hipócrita que acreditava o cercar. Estava tão fechado dentro de si mesmo que não percebeu o quanto estava sozinho.

Mas eles continuam dançando. Música após música. Se realmente aquilo poderia ser chamado de música, pensa ele. Mas cumprira seu propósito. Estavam empolgados e desligados dos seus problemas enquanto duraram aqueles momentos. Como curioso acerca da vida e dos comportamentos, ele decidiu observar tudo a sua volta. Se deleitou com o sorriso da loira menina com quem dançava, se divertiu com o olhar de aprovação dos seus conhecidos que, como uma banca julgadora, davam altas notas para a escolha dele naquela noite e se divertiu com o casal dançando ao seu lado, que parecia acreditar estar em uma competição para um programa de domingo na tv.

Ele não sabe quanto tempo se passou. Havia decidido parar de olhar para seu telefone celular. Havia decidido parar de se preocupar tanto. Uma banda estava se preparando no palco para um apresentação. No seu íntimo, fez torcida para que eles pudessem tocar alguma canção mais próxima do seu gosto musical. Ele não poderia estar mais errado. Apesar da agradável companhia, ele não sente desejo mais de dançar. O que ele gostaria mesmo, era de saber o nome dela. Porém, é ela que inicia a conversa: - Você é brasileiro? Ela pergunta. - Sim. Ele responde sorrindo, sentindo um inexplicável prazer ao não ser reconhecido como brasleiro.

- Vamos pegar um pouco de ar fresco lá fora? Ela pergunta com um brilho no olhar.

Ele nota que ela não gostou da mudança no estilo de música, tanto quanto ele. Sem dizer nada aos que o acompanhavam, deixam a área v.i.p. juntos, passando por dentro da pequena multidão que dançava de forma bastante extravagante. Ele confere se ainda está usando a pulseira que o deram na entrada e, junto com ela, passam por dois seguranças na porta que serve de saída do local. Já do lado de fora, ele sente a forte mudança de temperatura e se pergunta por que deixou o casaco sobre uma das poltronas tão confortáveis que ele havia sentado. Ela parece também estar com frio, e como ele, havia esquecido de trazer seu casaco consigo. Brasileiros, ele pensa. Viver alguns anos fora de sua pátria não é o suficiente para fazê-los abandonar certos hábitos.

Vários vasos de plantas decoram a saída do local. Ele se impressiona quando observa a parte externa daquela casa noturna, localizada entre imponentes edifícios quase no centro de Londres. Viver naquela cidade continua sendo uma experiência incrível, mesmo nos momentos em que ele se sente mais infeliz. Súbitamente, ela o puxa pelo braço e o abraça. Ele ouve gritos. Dois homens gritam desafios um para o outro. Uma briga. Um deles é alto, ombros e braços largos, branco e cabelo bem curto. Está visivelmente embriagado. O outro, é quase tão alto quanto ele, negro, bem magro. Não parece uma luta muito justa. Há mais gritos. São de duas mulheres tentando conter aquele que esta bêbado. Apesar da confusão que se iniciou, a briga não acontece. Minutos depois parece que aquela situação simplesmente não existiu.

Eles decidem voltar para dentro da casa noturna para pegarem seus casacos e se despedirem de seus conhecidos. São quase quatro da manhã. Quando finalmente retornam a área v.i.p., eles encontram todos os demais sentados, alguns conversando, outros já estão dormindo naquelas poltronas tão confortáveis. Ele decide fazer o mesmo, e se acomoda em uma delas. Há o que restou de uma torta, provavelmente do aniverário da menina que o convidou, acima de uma das mesas. Não há muito mais o que se fazer no local. Todos decidem, logo depois, chamarem os "cabs" pelo telefone para voltarem para casa. A jovem de cabelos loiros se senta ao lado dele. - Qual é o seu nome? Ele pergunta, sorrindo.

- Nádia. E o seu?

[ Continua... ]

Monday 14 November 2011

Onde você deseja estar?

O suor desce pelo seu rosto. Diferente do clima frio do lado de fora, ele pode sentir sua camisa social marrom colando em seu corpo. A música não o ajuda a relaxar. Ele não consegue deixar de acompanhar as letras das canções, falando de traições e paixões proibidas. No início ele não pensava em dançar. Se pudesse apenas permanecer sentado em uma daquelas confortáveis poltronas de estilo antigo que cercavam a pequena área destinada para quem quisesse dançar, ele o faria. Mas havia uma atraente jovem de cabelos loiros e vestido preto insistindo por companhia.

Horas atrás ele estava em seu quarto. Deitado sobre um saco de dormir com muitas histórias, ele relembra alguma delas. A janela está fechada e as luzes, apagadas. A tristeza, companheira de tantos momentos, sussurra no seu ouvido uma antiga canção. Não importa mais. Ele decidiu dar um passo adiante e deixar o passado para trás. Nunca é fácil, ele lembra. Mas já foi feito antes. Por ele e por outras pessoas. Na opinião dele, a dor não parece diminuir. Ele se culpa por toda dor que causou e vai causar. Ele sempre se culpa.

Ele escuta batidas em sua porta. Depois de enxugar descuidadosamente as muitas lágrimas que desceram pelo seu rosto, ele se levanta lentamente e caminha até a porta. Decide não abri-la e apenas pergunta o que desejam. Ele já sabe antes da resposta o que eles querem. Sim, ele responde para os outros, confirmando que vai na tal festa de aniversário com eles. Ainda faltam algumas horas até o início da mesma. Ele decide então, se deitar por um pouco mais antes de ir se arrumar. Ele pondera se realmente deveria ir.

Mais e mais pessoas vão chegando em sua casa. Amigos e amigas da aniversariante. A maioria trazendo cervejas e "spirits" para beberem antes de ir para a casa noturna onde sera celebrada a festa. Fotos são tiradas, histórias são contadas. Ele não poderia recontar nenhuma delas. Não é ali onde ele queria estar. Não são com essas pessoas que ele gostaria de estar ouvindo histórias e tirando fotos. Mas isso não o impede de pegar um copo limpo no armário e despejar sobre o mesmo um pouco de Jack Daniels. Ele vê algumas latas de água de coco sobre a mesa mas decide não misturar na sua bebida. Pouco tempo depois, estão todos prontos esperando pelos "Cabs".

A música é horrível. Ele não consegue entender por que tantos em sua pátria conseguem dançar e cantar ao som daquele estilo. Nada consegue fazê-lo para de pensar no grande engano que ele cometeu ao aceitar vir. Em frente a casa noturna, pouco antes de entrar, um dos seus colegas tenta convencer um grupo de ingleses a também entrar. Provavelmente por causa das meninas que faziam parte do mesmo grupo. Elas trocam olhares e se mostram interessadas. O único rapaz que as estava acompanhando, não. Impressionante como elas conseguem usar vestidos tão curtos numa noite tão fria como essa.

O banheiro daquele lugar é bem limpo, comparado ao que ele viu em outras casas como aquela, no centro de Londres. Após lavar as mãos, ele se olha no espelho e lembra da jovem que deixou esperando na pista de dança. Ele novamente pega do bolso, o seu celular. Consulta as horas, os emails, e a lista de amigos "online". Ele lembra das pessoas que já não fazem mais parte dessas listas e guarda o celular novamente no bolso. As escadas o levam para bem próximo da entrada da área v.i.p. e para junto do grupo com quem ele veio. Ele atravessa aquela pequena multidão para chegar perto daqueles rostos conhecidos, pensando que no fundo, não queria estar com eles.

Então ele a vê antes de se aproximar. Parado, ele bebe seu drink lentamente enquanto a observa melhor. Ela é bem mais atraente do que ele percebera antes. Ela está dançando sozinha, com outros rapazes ao seu redor quando ele se aproxima. Ele então decide ir até ela e ao percebe-la sorrindo, cola seu corpo ao dela. O olhar dela o provoca. Ela aperta ainda mais o seu corpo ao dele. E a dança começa.

[ continua... ]

Saturday 12 November 2011

Entre Estações

As folhas começaram a cair. Todas elas. O vento um pouco mais frio obriga quase todos a mudarem a forma de se vestirem. Nessa típica manhã de outono, ele está caminhando pelas ruas com uma camisa de algodao preta bem gasta, daquelas que ele não deve cansar de usar, e um pesado casaco de inverno, grande demais para ele.

Como as árvores perdendo suas folhas, ele deixa que as lembranças de dias felizes o abandonem. Não é culpa do vento que agora sopra mais forte. A razão disso é a Natureza. É simplesmente chegado o momento delas caírem. É chegado o momento dele permitir que o ciclo no qual ele estava preso, chegue ao seu devido fim.

Ele caminha devagar. Antes de chegar ao seu destino, seus pensamentos vão uma vez mais para o passado. Se passaram várias estações desde que, numa manhã de Inverno, ele se descobrisse caminhando sozinho por uma praia deserta, cheia de pedras ao invés de areias. E neste mesmo lugar, no meio de tantas outras, ele encontrou uma pedra.

A pedra não era diferente das demais antes de ser encontrada. Mas no exato momento em que ele a tocou, ela se tornou única. E ele estava consciente disso também. Então, continuando sua caminhada, arrebatado pela visão da imensidão do mar e pelos sentimentos que habitavam seu ser, ele segurou firme aquela pedra. Olhando para um céu cinzento de inverno, no forte frio que o fazia tremer, ele fez uma promessa.

Ele encontrou seu destino. Um rio. As lágrimas são suas companheiras agora. As lembranças vem e vão, como folhas dançando ao vento. E por mais alto que elas voem, elas não podem mais fazer parte da árvore de onde saíram. "Estações se passaram.", ele repete para si mesmo. Não mais o mar. Um rio. É chegado o momento.

Ele segura a pedra com a mesma força do dia em que fez a promessa. Uma oração é feita. Um pedido de perdão. Ele gostaria de realmente saber se tudo aquilo que passou foi mesmo em vão. Mas isso não o preocupa tanto agora. Sua alma se agita. Ele repete aquele nome uma última vez mais antes de mirar o centro do rio. Ele sempre soube que um dia iria fazê-lo. Isso é o que mais o machuca.

Ele lança a pedra ao rio. Ela nunca o pertenceu. Mas um pensamento cala seus soluços e seca suas lágrimas: A pedra, que antes estava à beira de um mar revolto, agora repousa no leito da mansidão de um rio. Nada é por acaso. Para tudo há um propósito.

Sunday 6 November 2011

Sementes

"Eis que o semeador saiu a semear.
E, quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho, e vieram as aves e comeram-na;
E outra parte caiu em pedregais onde não havia terra bastante, e logo nasceu, por que não tinha terra funda. Mas vindo o sol, queimou-se e secou-se, por que não tinha raiz.
E outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram e sufocaram-na.
E outra caiu em boa terra e deu fruto: Um, a cem, outro, a sessenta, e outro, a trinta.
Quem tem ouvidos para ouvir, que ouça." [*]

Eu tenho buscado pela Paz. Não, não é uma busca das mais fáceis. E existem muitas palavras mágicas, atalhos suspeitos, falsos mestres e pessoas vivendo de enganos pelo meio do estrada.
E mesmo que eu viesse até aqui com uma resposta, sendo ela verdadeira, ainda assim ela poderia ser inútil para você. Cada um tem sua busca pessoal. Cada um deve experimentar a vida em busca de saciar sua própria sede.

Não tenha medo de viver. Não tenha medo de buscar por respostas.

Ainda há fantasmas me assombrando. Estão sob aparente controle no momento, mas sei que ainda estão lá. E é claro que eu gostaria que apenas deixassem de existir. No entanto, não é assim que funciona. Preciso confrontá-los. Certas situações na vida são como uma doença sem profundos sintomas: Se você apenas as ignorar, elas vão crescer e crescer, te acompanharão aonde você for e um dia, se manifestarão de forma que você não poderá mais fingir que as mesmas não existem. Até o dia em que as consequências possam ser irreversíveis.

Fingir que não está doente não cura a doença.

Eu tenho sentido mais paz do que há algumas semanas ou meses atrás. Eu tenho conversado com pessoas maravilhosas, sonhado novamente e voltado a sentir sede! Estou me reiventando mais uma vez e buscando me calar para ouvir o rio. [**]

E tenho semeado. Para no tempo certo, experimentar doces frutos.



[*] Mt. 13:3-9
[**] Siddhartha by Herman Hesse.

Saturday 5 November 2011

Entre Lâmpadas e Lâminas

Uma fina e fria chuva começa a cair nos poucos momentos seguidos de eu deixar meu abrigo. Escuto os sapatos que vieram do outro lado do mundo no meu continuo caminhar por essas ruas não tão conhecidas. Enquanto estou seguindo para meu destino naquela manhã, lembro-me da visão da noite anterior e dos muitos pensamentos tragos pela mesma.

Não preciso ser um estrategista militar para saber o quanto uma força dividida é uma força enfraquecida e condenada a se partir. Se nós, como seres humanos, perdemos o nosso foco, nosso objetivo, estamos simplesmente desacelerando nossos passos até pararmos por completo. Aquele que não sabe para onde vai, jamais chega à lugar algum.

Esta é a minha estação do ano favorita. O frio está chegando e tudo a minhã volta me lembra disso. As muitas folhas secas caídas ao chão, as pessoas vestindo roupas sobre roupas e a quantidade cada vez menor delas andando pelo grande parque em frente da casa onde vivo. Vejo alguém trabalhando em ajuntar as muitas folhas caídas. Uma tarefa que será repetida todos os dias até que a neve comece a cair.

Por que deveríamos ajuntar as folhas que caem e lança-las fora todos os dias, se no dia seguinte, mais e mais também irão cair? O quão repetitivo e sem sentido parece essa tarefa! Porém, logo percebo o quanto os caminhos ainda não limpos atrapalham os que caminham pelo parque, mesmo eles sendo poucos. E me lembro ainda, que o Inverno está vindo.

Após atravessar o parque, encontro do outro lado da rua, um estabelecimento que me chama a atenção: Uma loja de livros usados! "Book Mongers - Secondhand Books". Não conseguindo resistir e de bom grado, me desvio do caminho e atravesso a rua. Na vitrine, alguém me chama: Jack Kerouac e seu "On the Road". Há muitos anos atrás, quando eu ainda vivia no Brasil e estar aqui era apenas um sonho distante, a leitura de "On the Road" havia me marcado de forma contundente. Estar na Estrada!

Não houve muita hesitação. Após entrar na loja, o meu primeiro impulso foi realmente, pela parte de dentro, alcançar na prateleira da vitrine, uma versão de 1972 lançada no Reino Unido. Que felicidade! Apesar de ainda olhar por alguns outros títulos, como "The Castle" de Kafka, "The First Man" do Camus, entre outros, não larguei meu achado em momento algum. E de lá, após uma curta conversa com o dono do estabelecimento sobre a diferença Tom Wolfe e Thomas Wolfe, fui direto para um lugar chamado "Federation Coffee Piano House". Um ambiente extremamente agradável para saborear um bom expresso e iniciar a minha leitura.

Após estes bons momentos, voltei por um caminho diferente do usual. Foi quando percebi que eu não estava mais pensando sobre a visão. Que não estava mais chuvendo. E que os sapatos que vieram do outro lado do mundo, eram apenas sapatos.

E havia silêncio.

From the Silence, comes the Peace.
With Peace, comes the Freedom.
With Freedom, comes The Silence.
-Poets of the Fall.

Thursday 3 November 2011

O tempo que se chama Hoje

O hoje sempre revela muitas surpresas. Algumas vezes, somos tão cegos que não conseguimos enxergar as mesmas bem diante dos nossos olhos. Estamos com nossos olhos vendados pelos nossos desejos e medos, ou estamos confusos sem saber em que direção deveríamos estar seguindo.

O hoje sempre é o tempo certo para meditarmos sobre o passado com a finalidade de percebermos o resultado de nossos escolhas. Estudar sobre o que deu certo e o que deu errado. Que atitudes repetir e que atitudes não. Não deveríamos olhar o passado em busca de tristezas, mas sim em busca de saberdoria.

O hoje sempre é o tempo certo para nos prepararmos para o futuro. Para plantarmos as sementes que ditarão a realidade que viveremos amanhã. Também é olhando para o futuro que ganhamos forças para viver o hoje. Simples: Ninguém que trabalha no campo, semeia se não soubesse que no tempo certo, iria colher aquilo que planta. Assim se dá numa esfera maior da realidade: Levantamos todos os dias por que desejamos ver os resultados de nossas ações. Ninguém trabalha 30 dias e não espera receber seu pagamento no final do mês. Ninguém estuda 3, 4 anos em uma universidade não esperando receber um diploma no final da mesma. Ninguém ama por meses ou anos não esperando um mínimo de carinho, respeito e amor do outro par. (todos esperamos a paga pelo que fazemos)

O ser humano vive o hoje, para reviver o que foi bom no passado, para não viver o que foi ruim no passado. O ser humano vive o hoje, por que deseja ver os resultados das sementes que plantou.

Levantamos e continuamos na estrada da vida por que sonhamos. Por que temos objetivos que desejamos ver realizados em nossas vidas. Por que temos esperança. Vivamos o hoje.

"Bibamus, moriendum est."

É provável, porém não comprovado, que esta frase tenha tido Seneca como autor. Eu pessoalmente acho o sentido da mesma muito perigosa. Talvez o autor não acreditasse no propósito de sonhar e de enxergar a vida com esperança no por vir. Se eu mesmo não acreditasse no amanhã, eu já estaria morto.

Benjamin Franklin disse: "Some people die at 25 and aren't buried until 75." Sou obrigado a concordar com o mesmo.

Sunday 30 October 2011

Tristeza

Hoje eu não escrevo para compartilhar meus pensamentos e opiniões. Hoje eu escrevo apenas para marcar esse momento. Para que um dia eu possa retornar a esse espaço e me lembrar de como eu estava me sentindo neste dia. Sim, lembrar da intensidade, da profundidade e do sabor.

Lembrar do quanto estamos longe daquilo que realmente importa. Do quanto é fácil falar sobre o amor e do que é certo e justo. E na mesma proporção, do quanto é difícil viver estas mesmas coisas.

Não quero levar as dores do mundo sobre meus ombros. Há cerca de dois mil anos atrás, alguém cujo o pó deixado pelas sandálias não sou digno de pisar, levou sobre si todas essas mesmas dores. Mas na minha estupidez, eu sinto um peso. O peso de não ser um herói daqueles com quem cresci em minhas muitas leituras quando criança e adolescente. O peso de não ter o mesmo carácter que minha mãe tão diligentemente tentou me passar desde que me entendo como pessoa. O peso de não conseguir aliviar a dor daqueles que tanto amo e estão a minha volta.

Talvez seja apenas mais um traço de imaturidade. Talvez o seja.

O fato é que hoje eu estou realmente sentindo uma tristeza tão aguda que posso a sentir refletindo fisicamente. Minha cabeça dói, meus olhos estão sensíveis a luz, não sinto fome, apenas frio.

Glauco, lembre-se do dia de hoje. Lembre-se de quantas lágrimas você derramou apenas na última hora. Lembre-se do quanto, sozinho, você está distante do que tem sonhado. Lembre-se das palavras duras, porém sábias, da sua mãe. Lembre-se do que você tem conseguido com seu precioso controle sobre sua vida.

Lembre-se dos erros. Sim, dos muitos erros. Lembre-se dos dias e das sementes. Lembre-se onde você tem construído o seu castelo e de onde se encontra seu precioso tesouro.

Lembre-se desta tristeza que hoje você sente. É diferente, não? Diferente dos demais dias, das demais lágrimas...

Lembre-se deste último dia.

Thursday 20 October 2011

Um Lugar para se chamar de Lar

Eu pedi poucas vezes mas fui ouvido.

Quando ainda estamos na Estrada, está em nossas mãos a oportunidade de fazer diferente. Não temos um compromisso ou amarra qualquer que nos impeça de buscar por nossos sonhos. A Estrada é bela por este motivo: Estamos em movimento!

Quando conquistamos algo, muitas das vezes sentimos em nossos corações um estranho sentimento. Não, não estou falando sobre orgulho próprio, regozijo ou sentimento de dever cumprido. Estou falando de algo mais sombrio e que muitas das vezes, preferimos esconder: A Insatisfação.

O ser humano é um insatisfeito por natureza. Sempre deseja mais do que realmente necessita. E quando não alcança, se entristece, reclama e ainda perde o foco do que é importante. Nos preocupamos tantas vezes com aquilo que vamos comer, vestir e usar, que ignoramos o fato que "ser" é muito mais importante do que "ter".

Claro que o Sistema tem parte nisso. E não é uma participação pequena. Há realmente um interesse por parte do Mercado, que não venhamos a formar uma Sociedade preocupada em "ser". Isso não vende! Não gera receita! Isso te faz estar fora das engrenagens da máquina. E a Sociedade automaticamente envia a mensagem de que, estar fora do Sistema te faz ser um pária.

Eu gosto de ser um pária. Não que a solidão seja a resposta, mas entre ser mais um peão nesse taboleiro, e seguir meu próprio caminho, sem dúvida que fico com a segunda opção.

Estar na Estrada significa que você, tendo alcançado ou não seus objetivos, continua se movimentando em busca de respostas. Você não está satisfeito com a realidade ao seu redor. Não se trata de querer um carro melhor ou um celular mais moderno. Se trata de querer melhorar como ser humano. De aprender com os próprios erros, ser capaz de se perdoar e seguir a diante.

Estar na Estrada é estar a procura de um lar. Por que no fundo, eu me sinto simplesmente como um náufrago. Alguém que sobreviveu a tempestade do "despertar", mas que agora se depara com a solidão de se sentir perdido em uma ilha em meio aos destroços que restaram do navio de minha antiga vida.

Posso não saber exatamente onde eu estou. Mas sei que depois de tanto nadar, nào vou simplesmente esperar pela morte nesta praia.

Tuesday 18 October 2011

As good as it gets

Os novos dias começaram. Pensamentos diferentes ocupam a mente nesta nova fase. Indo e vindo, nenhuma idéia parece se sentir confortável o suficiente para puxar uma cadeira e se sentar. Isso assusta um pouco.

Os novos dias começaram. Mas o quadro azul com a pintura de uma lua só mudou de lugar. Uma pedra tomada de uma praia ao sul também continua escondida em algum lugar no armário. Indo e vindo, lembranças se misturam com emoções e trazem um sabor agridoce.

Os novos dias começaram. A esperança deveria impulsionar e contagiar mas não o faz. Tudo parece cinza. E é com esforço que se mantém acordado. Começou há pouco e já é tedioso. Indo e vindo, a esperança padece com os frios ventos que sopram aqui.

Os novos dias começaram. Mas já parecem antigos, perdidos e distantes. Um pedido é feito para a tristeza ir adiante e servir como mensageiro. Dessa forma não poderá ser. Indo e vindo, a música não é ouvida mas as batidas no coração sim.

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436 em direção a Paddington. Estou sentado e abraçando a mochila que está no meu colo. Depois de caminhar para o centro de Londres, malhar na academia, resolver alguns problemas no banco e ir para a escola, me sinto cansado. Entram, depois de algumas paradas, um casal. O homem, baixo, vestindo um antigo terno, chapéu e segurando uma bengala, senta do meu lado. Ele não para de falar por um segundo. Decido então, fingir que estou dormindo. Ele se apresenta para uma senhora trajando roupas típicas árabes e que provavelmente era muçulmana. Ela parece não entender o que ele diz. Ele se apresenta e segue apresentando sua esposa. Sou jamaicano, ele diz, E minha esposa é da Espanha. A senhora muçulmana parece desconfortável com as tentativas do jamaicano em manter uma conversa com a mesma. Ela desce no próximo ponto.

Alguem entra no ônibus e tras consigo um fortíssimo cheiro de maconha. O jamaicano logo percebe e começa a brincar com quase todos no ônibus sobre. Eu continuo fingindo que estou dormindo.

Uma senhora do Leste Europeu sobe com seu filho pequeno no ônibus. Ela parece cansada e não parece estar interessada em conversar com o jamaicano. Ele se muda e começa a brincar com outros passageiros em uma outra parte do ônibus.

Quando eu desço no meu ponto, cerca de 25 minutos de distancia entre minha escola e minha casa, estou me sentindo desesperado. O dia praticamente terminou e eu não sorri nenhuma vez. Há tanto para se fazer e o tempo parece nunca ser o suficiente.

Não sei exatamente o que está acontecendo. Mas tenho uma certeza muito forte que uma grande mudança se abaterá nos próximos novos dias.

Wednesday 12 October 2011

La Timidez

Sou tímido. Muitas vezes neguei isso. Ao rever meus conceitos, refletindo sobre meu comportamento ao longo da minha vida, posso concluir realmente que sou tímido.

Ler uma matéria sobre o assunto na internet me fez curioso para saber um pouco mais sobre o assunto. Considerei interessante o fato de que ser tímido é para muitos, algo que provoca empobrecimento da qualidade de vida e em alguns casos, um transtorno mental.

Encontrei algumas definições sobre a mesma:

A Timidez pode ser definida como o desconforto e a inibição em situações de interação pessoal que interferem na realização dos objetivos pessoais e profissionais de quem a sofre. Caracteriza-se pela obsessiva preocupação com as atitudes, reações e pensamentos dos outros. A timidez aflora geralmente, mas não exclusivamente, em situações de confronto com a autoridade, interação com pessoas do sexo oposto, contato com estranhos e ao falar diante de grupos - e até mesmo em ambientes familiares.

Se tal definição é correta, posso afirmar então que eu sofro de tal mal. Esperem... Eu não concordo que seja realmente um mal.

Outro artigo que encontrei falando sobre o tema mostra um outro lado deste mesmo "mal":

"Nossas instituições estão montadas para acomodar o talento dos extrovertidos. O introvertido fica de lado, gastando energia na tentativa de ser diferente", diz a autora americana Susan Cain.

Tímida confessa, ela diz que graças a isso pôde formar alianças e negociar, nos sete anos em que advogou para grandes corporações.

"A impressão de que ser tímido é uma desvantagem não é verdadeira", disse Cain à Folha. "Para ser criativo, você deve tolerar a solidão."

Ela diferencia timidez e introversão: uma é o medo de julgamento social e atinge metade das pessoas; outra é a preferência por ficar em lugares tranquilos e com poucos estímulos, tendência encontrada em cerca de um terço da população, segundo as estimativas da autora.

Hoje, Cain mantém um blog com pesquisas sobre o "poder dos introvertidos" e se prepara para lançar o livro "Quiet" (quieto) nos EUA.

Em artigo publicado em junho no "New York Times", Cain afirmou que tímidos e introvertidos correm menos risco de ser internados, de se envolver em acidentes e são predispostos a aprender e a manter uma relação afetiva.

Ainda assim, conclui, timidez e introversão dividem o mesmo status depreciativo."

Interessante notar que logo abaixo desta mesma matéria, haviam links para páginas que dizem ensinar como "perder a vergonha" e "falar bem". Mesmo ao tentar anunciar que há benefícios em ser tímido, a mídia não consegue ensinar para a população a ficar um pouco só e a pensar mais antes de falar. Elementar. Se você pensa mais e fala menos, você não vai anunciar para familiares, amigos e conhecidos sobre a absurda quantidade de produtos e marcas das quais você é bombardeado todo o tempo.

Decidi ir mais a fundo e encontrei no site do New York Times, um artigo interessante sobre o tema:

But shyness and introversion share an undervalued status in a world that prizes extroversion. Children’s classroom desks are now often arranged in pods, because group participation supposedly leads to better learning; in one school I visited, a sign announcing “Rules for Group Work” included, “You can’t ask a teacher for help unless everyone in your group has the same question.”

Many adults work for organizations that now assign work in teams, in offices without walls, for supervisors who value “people skills” above all. As a society, we prefer action to contemplation, risk-taking to heed-taking, certainty to doubt. Studies show that we rank fast and frequent talkers as more competent, likable and even smarter than slow ones.

As the psychologists William Hart and Dolores Albarracin point out, phrases like “get active,” “get moving,” “do something” and similar calls to action surface repeatedly in recent books.

Somos o tempo todo pressionados por este chamado. Mas levando tudo isso para minha esfera pessoal posso dizer que responder ao mesmo é exatamente me calar para mim mesmo. Não sou assim. Não me sinto realmente bem assim. Salvo em situações onde haja competição (adoro competir), não suporto me expor. Fico constrangido com a exposição das pessoas. Nada mais é secreto ou misterioso. Pouco há para se descobrir agora. O Sistema e o Mercado não podem mais tolerar mistérios. Não é rentável.

Eu sinto falta da minha família, dos meus amigos, de pessoas que me fazem tão bem. Mas muitas vezes percebo que foram em momentos de solidão que alcancei os melhores resultados.

Me importo sim, com as pessoas, seus sentimentos e impressões. Isso não me faz melhor do que ninguém. Até mesmo por que sou falho e tenho mais falhas do que as pessoas possam imaginar. Mas é a minha timidez que me faz sentir eu mesmo. E não vou mais contrariar isso.

Sunday 18 September 2011

Não Resista

Não vou escrever hoje sobre filosofias de vida, pensamentos ou sobre Londres. Certo, provavelmente vem algo bastante tedioso de ser lido pela frente mas gostaria mesmo de escrever sobre meu coração.

Definição: 
Fig. Caráter, índole; conjunto das faculdades emocionais; sede da afetividade: tem um bom coração.


Se há algo que eu gostaria muito que mudasse na minha pessoa, sem dúvida que seria o meu coração. Não sei onde se iniciou essa característica na minha pessoa, mas sempre atendi mais aos apelos do meu coração do que da minha razão. E isso sempre me trouxe consequências complexas. Nos momentos de me relacionar, de tomar decisões e celebrar conquistas e lamentar derrotas. Sempre fui dramático.


Interessante que mesmo o fato de estudar tanto sobre o comportamento humano e ser um ávido observador do mesmo, apenas em certos momentos de específicas fases da minha vida, consegui controlar esse impulso de lançar nas mãos do coração, o domínio sobre minha vida. 


Sei também que, por muito ouvir o coração, meu caráter se desvirtuou. Não me considero uma pessoa de caráter excelente. Pelo contrário. Tenho refletido e encontrado uma pessoa cínica e flexível demais. O oposto do que eu realmente gostaria de ser. Não, nem sempre fui assim. Houve momentos da minha vida, onde meu caráter estava sendo moldado e meu coração estava completamente inclinado para uma boa índole. Mas isso durou apenas até eu decidir alimentar minhas paixões de forma desenfreada e não pesar apropriadamente as consequências de seguir este caminho.


Quando eu deixei o Brasil para trás, ao que me parece hoje, vejo que também ficaram para trás os elementos que trouxeram meu sonho de viver fora do País. Desde então eu comecei a mudar. 


Até hoje. Depois de tantas experiências, alegrias, paixões, aventuras, perigos e lágrimas, eu cheguei a conclusão de que preciso mudar. Não para o que eu era antes. Para algo melhor. E eu sei que mudanças assim não são realizadas da noite para o dia. Mas o processo de transformação tem data sim, para começar. E o meu se inicia hoje.

Keep your heart with all diligence,
For out of it spring the issues of life
- Pr 4:23

Saturday 17 September 2011

Words are Wind

Certas vezes, um sentimento de solidão e despreparo se revela tão forte que fica impossível não se questionar sobre o caminho que temos seguido nesta vida. E os pensamentos nos levam para bem longe.

Eu acordei tarde hoje para ir trabalhar. Não peguei nada na geladeira para comer, mas me lembrei de pegar um livro para poder ler algo durante meu caminho para o trabalho. Interessante notar quantas pessoas dentro do "Underground" de Londres estão sempre com um livro em mãos para tornar a viagem mais agradável.

Meu trabalho fica há apenas cinco paradas, entre a "Oval Station" e a "London Bridge Station". Logo, não foram muitas, as páginas lidas durante o trajeto. Mas houve algo que me chamou a atenção:

"...How can I be a King's Hand? I belong on the desk of a ship, not in a castle tower."
"You are notable, Captain." The Maester replied. "A Captain rules his ship, does he not? He must navigate treacherous waters, set his sails to catch the rising wind, know when a storm is coming and how best to weather it. This is much the same. Words are wind".

Quantas vezes buscamos encontrar desculpas para o desgoverno de nossas vidas? Na verdade, eu não acredito em ocaso ou coincidência. Tudo possuí um propósito abaixo dos céus. E certamente que muitas das  situações que passamos, nos deixam lições importantes que deveriam ser usadas para não perdermos o controle de nossas vidas. Nem sempre conseguimos compreender a mensagem. Mas ela está lá.

Muitas vezes queremos mudar algo em nossas vidas e ficamos esperando uma "mudança na direção dos ventos". E esquecemos que muitos são os fatores que governam a direção de um "navio". Muitas das vezes a resposta já se encontra diante de nós. Mas não queremos aceitá-la ou nos darmos o trabalho de usar aquilo que já possuímos em mãos para mudar nossa "sorte".

Fui afligido muitas vezes por esse erro tão comum de procurar o que estava de errado no lugar errado. De culpar-me pelo o que me faltava ao invés de aprender a usar tudo aquilo que minha família, amigos, Deus e a vida colocaram no meu caminho para progredir e contornar os obstáculos dos tempos de mar bravio.

Mas a maré está mudando... e eu também estou...

Estou aproveitando os bons ventos que sopram no momento. Ventos que estão soprando para longe as dúvidas, tristezas e angústias. E com as palavras, tenho feito planos, conversado com pessoas tão queridas, me dedicado aos estudos e desabafado com Deus. E tudo isso tem dirigido minha vida nas últimas duas semanas. Me sinto muito mais confiante de estar na rota certa!

E o meu destino? Meus sonhos se tornando realidade.


Tuesday 13 September 2011

Um Novo Começo

Não posso desistir. A mesma força que me permite levantar todas as manhãs para ir trabalhar, estudar, treinar e esperar por melhores dias, diz também que tudo possui um propósito. Até mesmo o que de pior nos acontece.


Minhas aulas no Lewisham College iniciaram hoje. Pode parecer pouco, mas é uma pequena doce vitória que coleciono. E a cada dia que consigo falar com minha mãe e com outras pessoas muito especiais que ainda permanecem no Brasil (espero eu, que por pouco tempo), me sinto mais forte, mais capacitado para enfrentar a realidade de quem vive fora do seu país de origem.


Até por que, estou aqui por conta dos meus objetivos. Eu estou aprendendo a cada dia o que eu realmente quero da minha vida. E estou amando essa fase.


Achei um outro texto que fala muito ao meu coração e que eu gostaria de compartilhar:



Fazem pouco mais de vinte anos que Raul Seixas, o Maluco Beleza, deixou o convívio terreno e partiu para outra dimensão (ele se foi em 21.08.1989). Dentre as inúmeras músicas interpretadas pelo célebre Raul, uma delas continua recorrente na sociedade atual. “Tente outra vez” diz respeito aos fortes de espírito, aqueles não se deixam vencer pelas adversidades ao longo do caminho. Deveria ser o hino dos que ainda crêem na esperança de encontrar a sua própria voz, ou seja, a sua própria vocação.
A sociedade em que vivemos é uma sociedade voltada para o trabalho, portanto, é difícil escapar ao fato de que somos incentivados a trabalhar duro para conseguir o que queremos. Desde pequenos ouvimos dizer que bens materiais, reconhecimento, valorização e sucesso custam caro. Em geral, somos levados a imaginar que fama e fortuna estão disponíveis somente para aqueles que trabalham mais e chegamos ao ponto de acreditar que uma vida modesta, desprendida de esforço, nos impedirá de conseguir o que desejamos.
Infelizmente, não é possível corrigir os erros do passado, mas deve-se aprender com eles. Quando crianças, nossa imaginação voava longe, queríamos ser de tudo, inventores, guerreiros, super-heróis, atores, bailarinos, professores, músicos e assim por diante, mas alguém enfiou em nossa cabeça que o melhor é ser advogado, médico, engenheiro, empresário etc., ou seja, profissões supostamente bem remuneradas, seguras e tranquilas no futuro.
De fato, muitas pessoas foram banidas para sempre da sua verdadeira vocação e o resultado foi a frustração ocasionada pela formação de milhares de profissionais medíocres que acabam fazendo de tudo, menos aquilo para o qual nasceram. Com o tempo você aprende a se conformar com a situação e, por mais que você queira chutar o balde, a mente acaba martelando coisas como “você não pode”, “não seja louco”, “agora é tarde”, “pense nos filhos”, “pare de sonhar” e outras aberrações semelhantes.
Por conta de tudo isso, de acordo com George Leonard, autor do livro Maestria: As Chaves do Sucesso e da Realização Pessoal, “O mundo moderno, com efeito, pode ser visto como uma prodigiosa conspiração contra a maestria. Somos continuamente bombardeados com promessas de satisfação imediata, sucesso instantâneo e alívio rápido e temporário, que nos levam exatamente na direção errada.”
Somos reféns dos pensamentos alheios e isso nunca há de nos levar a lugar algum, portanto, aprender é mudar, tentar, cair e levantar quantas vezes for necessário, e nunca perder de vista o sonho. O aprendizado é muito mais do que aprender nos livros. Como diz Leonard, “a aprendizagem durante a vida toda é um privilégio especial dos que percorrem o caminho da maestria, o caminho que nunca termina.”
A única voz que você deve ouvir é a voz do seu coração. Se as crianças desistissem a cada “não” que recebem, o mundo seria um desastre. Portanto, não importa a área com a qual você se identifique, desperte a criança que existe dentro de você. De vez em quando pare de trabalhar e tente obedecer aquela voz interior que martela repetidamente o seu subconsciente para uma completa mudança de direção. Por fim, como diria o grande filósofo Raul Seixas: “Veja, não diga que a canção está perdida, tenha fé em Deus, tenha fé na vida, tente outra vez! Tente, e não diga que a vitória está perdida, se é de batalhas que se vive a vida, tente outra vez. Pense nisso e seja feliz!

Tolos

Hoje foi um dia muito interessante. Mesmo com os pensamentos oscilando entre a dúvida e os anseios por novos sonhos, houveram momentos de imparcial reflexão. Sobre as perguntas que todos os grandes pensadores buscaram encontrar: Qual seria o propósito da vida?

Não é com a intenção de revelar tal aguardada resposta que venho até aqui hoje. Mas com a mesma força que os ventos sopraram nesta noite aqui em Londres, eu alcancei uma certeza: Não estamos aqui para sermos tolos.

E conversando com alguém muito especial, decidi procurar um texto que li há muitos anos e que expressa muitíssimo bem uma opinião que temos em comum. Infelizmente desconheço o autor do texto.

Tolos

Se você conhece algum, você vai entender perfeitamente a razão pela qual considero o caminho da persuasão lógica e racional um caminho contraproducente no diálogo com o tolo (se é que é possível tal diálogo!). A razão é bem simples: o tolo é, por natureza, completamente satisfeito consigo mesmo. Ou seja, ele está tão embriagado de si mesmo que a única coisa que ele consegue aceitar, no diálogo com o outro, é ele próprio e suas ideias. Nada mais lhe interessa senão confirmar ou reafirmar suas teses. Ele não consegue olhar para o outro, esforçando-se por compreendê-lo. E essa incapacidade decorre do fato de que ele foi sociológico-psicologicamente sugestionado a acreditar em si mesmo e em suas ideias sem ter que, ao mesmo tempo, refletir criticamente sobre si mesmo e suas ideias. Em outras palavras, o tolo é aquele que foi ensinado por “autoridades inquestionáveis” a absorver inúmeros pressupostos, muitos deles plausíveis e verdadeiros, porém sem questioná-los, sem pensá-los.


Que não se entenda a tolice dos tolos como uma patologia da qual os hábeis intelectuais estão imunes! Dizer que a tolice faz parte apenas da natureza daqueles que não alcançaram o paroxismo da inteligência humana é um erro crasso que apenas os tolos cometem. É indubitável que a tolice não é, por natureza, um defeito intelectual, mas um defeito humano. Por exemplo, existem pessoas que são intelectualmente ligeiras, sacam as coisas com rapidez, mas são tolas (basta lembrar do filósofo alemão Martin Heidegger, que possuía uma notável habilidade lógico-filosófica, mas que, em um determinado momento de sua vida, defendeu os ideais nazistas). Em contrapartida, existem pessoas que são muito lentas quando pensam, mas são tudo menos tolas (Lutero, por exemplo, vivia reclamando pelos cantos da Universidade de Erfurt, na Alemanha, de que ele jamais poderia ser um teólogo de verdade porque se considerava lento demais para o raciocínio lógico; e, diga-se de passagem, muitos seguidores de Philipp Melanchthon concordariam com Lutero!).

Entender que a tolice é um defeito humano é sacar que todas as pessoas são, por natureza, tolas. Portanto, pessoas não se tornam tolas, elas no máximo deixam de ser tolas. E como elas deixam de ser tolas? Dietrich Bonhoeffer, quando estava preso por causa da perseguição nazista, escreveu inúmeras cartas. Numa delas, ele disse que “somente um ato de libertação poderia vencer a tolice; um ato de instrução ou argumentação lógica nada pode fazer para convencer o tolo de sua tolice. Antes de tudo, o tolo precisa de uma libertação interior autêntica, e enquanto isso não ocorre temos de desistir de todas as tentativas de persuadi-lo”.

Essa necessidade de “libertação interior autêntica”, enfatizada por Bonhoeffer, também pode ser encontrada entre os primeiros filósofos gregos. No livro VII da República, Platão mostra Sócrates “ensinando” para o jovem Glauco que para as pessoas conhecerem a verdade elas precisam ser primeiramente libertas. Para isso, o filósofo contou uma história sobre seres humanos que, desde o seu nascimento, estão aprisionados em uma caverna subterrânea. Eles não sabem o que é o mundo fora da caverna. Suas pernas e seu pescoço estão algemados de tal sorte que são forçados a permanecer sempre no mesmo lugar e a olhar apenas em direção a uma parede. Atrás deles, na entrada da caverna, há um foco de luz que ilumina todo o ambiente. Entre esse foco de luz e os prisioneiros, há uma subida ao longo da qual foi erguido um pequeno muro. Para além desse pequeno muro, encontram-se homens que transportam estátuas que ultrapassam a altura do pequeno muro. Eles carregam estátuas de todos os tipos: de seres humanos, de animais e de toda sorte de objetos. Por causa do foco de luz e da posição que ele ocupava, os prisioneiros são capazes de enxergar, na parede do fundo, as sombras dessas estátuas, mas sem verem as próprias estátuas, nem os homens que as transportam. Como nunca viram outra coisa além das sombras, os prisioneiros pensam que elas são as próprias coisas. Ou seja, não podem saber que as sombras não passam de projeções das coisas, nem podem saber que as coisas projetadas são, na verdade, estátuas carregadas por outros seres humanos.



O que aconteceria, pergunta Sócrates a Glauco, se alguém libertasse os prisioneiros? O que faria um prisioneiro liberto daquelas algemas? Sem dúvida, olharia toda a caverna. Ao seu redor, veria os outros prisioneiros, o pequeno muro às suas costas, as estátuas e a entrada da caverna. Seu corpo doeria a cada passo dado. Afinal de contas, ele ficou imóvel durante muitos anos. Não bastassem as dores do corpo, ao se dirigir à entrada da caverna ficaria momentaneamente cego, pois aquele foco de luz que clareava a caverna, na verdade, era o sol. Porém, com o passar do tempo, já acostumado com a claridade, seria capaz de ver não só as estátuas, mas também os homens que as carregavam. Prosseguindo em seu caminho, passaria a enxergar as próprias coisas, descobrindo que, durante toda sua vida, não contemplara senão sombras das estátuas projetadas no fundo da caverna.

Na condição de conhecedor desse “novo” mundo, o prisioneiro liberto regressaria ao velho mundo subterrâneo. Ao chegar, ele contaria aos outros prisioneiros, ainda algemados, o que viu. Sua missão seria libertá-los, pois é somente na condição de livre que alguém pode ser capaz de contemplar o mundo das coisas tais como elas são. O que mais poderia acontecer após esse retorno? Os demais prisioneiros zombariam dele, não acreditariam em suas palavras, pois o único mundo real é o mundo da caverna. Por isso, tentariam silenciá-lo de todas as formas. No entanto, se ele teimasse em afirmar o que viu e insistisse em convidá-los a sair da caverna, os homens das sombras o matariam. Foi assim que Sócrates concluiu o mito da caverna.

Os tolos são aqueles que tomam as sombras como se fossem as coisas mesmas. O homem-que-deixou-de-ser-tolo, porém, é aquele que não se satisfaz com as imagens projetadas no fundo da caverna, mas impulsionado pelo desejo de contemplar as coisas mesmas, arrebenta os grilhões que o aprisionam. Ao se libertar, dirige-se ao mundo verdadeiro. E quando o mundo verdadeiro se abre para ele, ou seja, no momento em que ocorre a revelação da verdade (alethéia), o homem-que-deixou-de-ser-tolo se compraz apenas em perceber sua própria tolice. Esse é o ponto. O tolo, por natureza, não sabe que é tolo, não tem consciência de sua tolice. Ele toma as sombras como se fossem as coisas mesmas. Por isso, a única maneira de um tolo se livrar de sua tolice é descobrir que ele é tolo. Mas veja, esse é o ponto de partida não o de chegada. Depois da consciência da tolice, é preciso deixar de ser tolo!

Enquanto o tolo não enxerga a sua tolice não adianta argumentar. Não adianta tentar persuadir aquele que está completamente preso em si mesmo. E por que? Porque onde há oprimidos há um opressor. Há um opressor dentro do tolo. Na conversa com ele percebe-se que não é com ele mesmo que se está tratando, mas com chavões, clichês, palavras de ordem, argumentos ad hominem, que operam nele e tomam conta de sua mente. O tolo, como diz Bonhoeffer, “está fascinado, obcecado, foi maltratado e abusado em seu próprio ser. Tendo-se tornado, assim, um instrumento sem vontade própria”.

Enfim, minha ojeriza pela tolice não deveria ser entendida como mero ódio ao tolo, mas, sim, como ódio ao poder que inevitavelmente precisa e se nutre da tolice humana."

“Hey! Teacher! Leave them kids alone!”

Monday 12 September 2011

Esperança

Por tantos, tão desprezada. Sinal de fraqueza e superstição. Tolice. Vã necessidade de crer que no final, tudo irá bem, ou algo positivo se sobressairá.

A razão não é desmerecer a esperança. Nem contestá-la. Não merece julgamento, àqueles que se apegam como náufragos, ao conceito ou objeto de esperança.

Não seria possível imaginar um mundo sem esperança. A busca de tantos por melhoras, por transformação, por descobertas que possam trazer paz, saúde, bem-estar e vida. Vitória sobre as aflições que castigam o ser humano desde o momento em que o mesmo é expulso do ventre materno.

Pela esperança, tanto se foi conquistado. E mesmo aqueles que se desiludiram, no fundo do seu ser, ainda aguardam por alguma mudança. Não. O ser humano, enquanto vivo, é um ser esperançoso. E quando deixa de ser, decide partir deste mundo pelas próprias mãos, de uma forma ou de outra.

A esperança é exatamente aquilo que te permite levantar da cama, mesmo quando sua razão ou coração falham em mostrar qualquer motivo razoável para fazê-lo.



Paz. É o que todo coração busca, mesmo sem saber o que está procurando. É silêncio, tranquilidade e certeza. É prêmio almejado mas quase sempre desconhecido. Motivo pelo qual nos preparamos, combatemos e muitas vezes perdemos, quando tentamos achá-la nos lugares errados.

Meu coração está em Paz. A verdadeira guerra se dá sempre no interior do coração de cada um de nós. E lá, eu a venci. Ao menos por hora, já que tal confronto é sempre diário. Constante.

Muitas vezes gosto de me imaginar em um lugar selvagem, distante de todos. Mas não é o que eu preciso agora para minha vida. Não quero e nem vou fugir. Vou pagar sim, o preço pelas decisões e atitudes que tenho tomado. Mas nem por isso deixarei de plantar hoje, as necessárias boas sementes.

Por que, se enganam aqueles que esquecem do que fizeram. Todos podem ser perdoados e podem perdoar, mas as conseqüências de cada atitude que tomamos não deixará de influênciar nossas vidas. Por isso, deveríamos nos permitir sempre recordar do preço que pagaremos por cada uma delas.

Friday 9 September 2011

A Liberdade já não é tão Triste

Voltei a escrever num momento bastante delicado da minha vida. Eu realmente imaginei que seria apenas mais uma forma de fuga da realidade opressora que eu pensei estar vivendo. Mas não. Eu me enganei. Opressora era a minha realidade antes da decisão que fora tomada. Hoje me sinto livre, feliz. Minha vida é como um livro, e o futuro são no momento, páginas em branco. Estou pronto para escrever. Estou ansioso para escrever nas mesmas, uma história diferente.

Quão maravilhosa é a morte de uma história! Pois nada mais significa do que o nascimento de uma outra!

Há alguns livros que nos marcam de diversos modos. Quando lidos numa determinada época, absorvermos de uma certa maneira, certas vezes, completamente diferente de quando relidos em um outro momento de nossas vidas. Foi assim nas vezes em que li "O Pequeno Príncipe" do Antoine de Saint-Exupéry e o "Siddhartha"do Herman Hesse. Este último, bastante comentado nas últimas semanas com várias pessoas muito queridas.

Sobre "Siddhartha", eu poderia passar horas falando. Principalmente sobre as implicações do "Samsara" sobre nossas vidas. Mas vou me limitar a dizer sobre, que se não aprendermos com os erros que cometemos, estaremos irremediávelmente condenados a simplesmente repeti-los. Não importa o quanto tenhamos sofrido num primeiro momento.

Não. Não estou sofrendo. E estou impressionado.
Mas nâo desejo ser arrogante como outrora. Vejamos o que será escrito no livro da vida.

Enquanto isso, quero escrever mais.

Tuesday 6 September 2011

Endless Sea

Umas das poucas certezas que tenho na vida é de que um homem, para ser realmente feliz, deveria trabalhar fazendo aquilo que ama. Eu não amo meu emprego, mas sou grato a Deus por tê-lo. Em Londres, o custo de vida é relativamente alto e se torna essencial conseguir um bom emprego para sobreviver aqui. Muitos brasileiros, por não possuírem documentos que os habilitem a trabalhar legalmente, são obrigados a enfrentar empregos como "cleaners", "kitchen porters" ou "labourers". Isso por que muitas das agências que contratam esses brasileiros, não solicitam os "permits" de trabalho. O trabalho é duro, mas os mesmos recebem seus pagamentos sem os terríveis descontos do governo.

Apesar de eu possuir o "permit" de trabalho por ser cidadão italiano e a certidão de permanência no Reino Unido, ainda não faço o que amo. Para tanto, há muito trabalho e planejamento pela frente.

Durante as intermináveis horas de trabalho que enfrentei hoje, me permiti ir até uma das grandes janelas do edifício onde minha companhia atualmente presta serviço, para observar o Rio Thames. Me lembrei de duas épocas distintas da minha vida no Brasil: Quando eu trabalhei numa operadora de mergulho em Búzios, Litoral Fluminense do Estado do Rio de Janeiro, e de quando fui sócio numa pequena transportadora marítima em Niterói. Foram atividades das quais eu não encontrei prazer algum mas que, de alguma forma, eu vejo hoje que poderiam ter sido muito agradáveis.

Ainda olhando para o Thames, me lembrei de um livro maravilhoso escrito por Amyr Klink chamado Endless Sea e de uma citação no mesmo que eu realmente amo.

"A man needs to travel. By his means, not by stories, images, books or TV. By his own, with his eyes and feet, to understand what is his. For some day planting his own trees and giving them some value. To know the cold for enjoying the heat. To feel the distance and lack of shelter for being well under his own roof. A man needs to travel to places he doesn't know for breaking this arrogance that causes us to see the world as we imagine it, and not simply as it is or may be. That makes us teachers and doctors of what we have never seen, when we should just be learners, and simply go see it."


- Amyr Klink (Brazilian sailor and writer)

Sunday 4 September 2011

Finalmente

Escrever sempre foi uma paixão para mim. Quando criança, eu me sentia como um prisioneiro. Meus pais eram um tanto protetores e eu nunca tive muitos amigos com quem brincar. Meu mundo era o meu quarto e meus brinquedos. Meu pai estava sempre ausente, trabalhando e viajando. Minha mãe, sempre ocupada com os deveres do lar e sua devoção religiosa. Morávamos no Rio de Janeiro, numa enorme casa localizada em um bairro residencial na capital do Estado. Sem empregadas, sem parentes ou amigos a nos visitar regularmente.

Talvez isso explique meu desejo desde pequeno de ver o mundo lá fora. De conhecer pessoas e lugares distantes. Cresci vendo filmes e lendo livros. Inspirado pelos mesmos, havia todo um universo imaginário criado por mim e para mim para que eu pudesse tentar calar a solidão e curiosidade que eu tanto sentia. Mas tudo isso não fazia diminuir meu desejo de um dia me sentir realmente livre.

Anos se passaram. Meu pai decidiu se mudar para uma cidade do interior do Rio de Janeiro em busca de uma vida menos agitada e onde ele pudesse passar mais tempo com sua família. Na verdade, ele havia descoberto sobre sua doença e queria passar seus últimos anos tentando consertar o estrago que sua ausência havia proporcionado. Definitivamente cinco anos não foram o suficiente para fazê-lo. Eu me sentia diferente dos meus colegas de escola, era extremamente tímido e preferia a leitura de histórias em quadrinhos e jogos eletrônicos à companhia das outras pessoas. Minha mãe também havia se fechado ainda mais, apenas se dedicando aos cultos e atividades de sua igreja. Minha irmã, um pouco mais nova do que eu, não parecia passar por problemas de timidez e isolamento tão severos quanto os meus. Ela era a melhor aluna da classe, rodeada de amigos e amigas e envolvida em diversas atividades escolares. Mas mesmo ela, quando em casa, passava horas e horas trancada em seu quarto, ouvindo rock'n roll e conversando com as amigas no telefone.

Não sei ao certo onde tudo começou. Sei apenas que após a morte do meu pai, aos meus 17 anos de idade, meu mundo desabou. Na verdade, as muralhas que me impediam de sair e finalmente ver o mundo, desabaram. E desde então, pouco tenho me privado de experimentar a vida. Minha mãe tentou, em vão, me segurar naquela prisão que até então era o meu mundo. E a cada ano que se passava,
o conceito de lar se tornava mais e mais abstrato.

Hoje, aos 33 anos de idade, continuo buscando saciar minha sede por novas descobertas, pessoas e lugares. Estou vivendo há quase dois anos em Londres, Reino Unido. Agora pretendo compartilhar um pouco das minhas experiências e pensamentos através deste blog. E apesar de não ser mais tão tímido quanto eu era há 16 anos atrás, penso que os textos que escrevo são a melhor forma que possuo de me expressar. Algo que eu amava fazer regularmente e que eu jamais deveria ter deixado de fazer.

Better later than never...

Finalmente estou de volta.