Sunday 30 October 2011

Tristeza

Hoje eu não escrevo para compartilhar meus pensamentos e opiniões. Hoje eu escrevo apenas para marcar esse momento. Para que um dia eu possa retornar a esse espaço e me lembrar de como eu estava me sentindo neste dia. Sim, lembrar da intensidade, da profundidade e do sabor.

Lembrar do quanto estamos longe daquilo que realmente importa. Do quanto é fácil falar sobre o amor e do que é certo e justo. E na mesma proporção, do quanto é difícil viver estas mesmas coisas.

Não quero levar as dores do mundo sobre meus ombros. Há cerca de dois mil anos atrás, alguém cujo o pó deixado pelas sandálias não sou digno de pisar, levou sobre si todas essas mesmas dores. Mas na minha estupidez, eu sinto um peso. O peso de não ser um herói daqueles com quem cresci em minhas muitas leituras quando criança e adolescente. O peso de não ter o mesmo carácter que minha mãe tão diligentemente tentou me passar desde que me entendo como pessoa. O peso de não conseguir aliviar a dor daqueles que tanto amo e estão a minha volta.

Talvez seja apenas mais um traço de imaturidade. Talvez o seja.

O fato é que hoje eu estou realmente sentindo uma tristeza tão aguda que posso a sentir refletindo fisicamente. Minha cabeça dói, meus olhos estão sensíveis a luz, não sinto fome, apenas frio.

Glauco, lembre-se do dia de hoje. Lembre-se de quantas lágrimas você derramou apenas na última hora. Lembre-se do quanto, sozinho, você está distante do que tem sonhado. Lembre-se das palavras duras, porém sábias, da sua mãe. Lembre-se do que você tem conseguido com seu precioso controle sobre sua vida.

Lembre-se dos erros. Sim, dos muitos erros. Lembre-se dos dias e das sementes. Lembre-se onde você tem construído o seu castelo e de onde se encontra seu precioso tesouro.

Lembre-se desta tristeza que hoje você sente. É diferente, não? Diferente dos demais dias, das demais lágrimas...

Lembre-se deste último dia.

1 comment:

  1. Como não havia lido este texto ainda? Íntimo e corajoso.

    Acabei lembrando do Thomas Wolfe:

    "É o sentido da morte e da solidão, o conhecimento da fugacidade de seus dias, e o enorme fardo ameaçador de sua tristeza, que cresce sempre, que nunca cessa, o que torna a felicidade gloriosa, trágica e absolutamente preciosa"

    Ou seja, o homem trágico acaba sendo o homem que mais valoriza e entende a preciosidade da felicidade quando a tem nas mãos.

    Um abraço apertado, de Miserável pra Miserável.

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